E se os Espaços de Escritório se Tornassem Obsoletos?


Seguindo a nossa análise contínua da tendência de trabalhar em casa, deparámo-nos com um artigo da Bloomberg enunciando os efeitos que teve no titã bancário americano J.P. Morgan.

«– "O estilo de vida do trabalhar em casa parece ter impactado os funcionários mais jovens, e a produtividade geral juntamente com a ‘combustão criativa’ foram atingidas”, escreveu Brian Kleinhanzl da KBW num comunicado para os seus clientes, citando um encontro anterior com Jamie Dimon.

O banco notou o declínio da produtividade entre "funcionários em geral, não apenas funcionários mais jovens", o porta-voz da J.P. Morgan, Michael Fusco, esclareceu num comunicado por e-mail, acrescentando que os trabalhadores mais jovens "podem ser prejudicados pela perda de oportunidades de aprendizagem" por não estarem nos escritórios.

As descobertas da J.P. Morgan fornecem dados importantes no debate sobre se os funcionários têm um desempenho tão bom na mesa da cozinha como no local de trabalho, demonstrando que o trabalho remoto prolongado pode não ser tão positivo como se pensava, pelo menos para algumas funções de trabalho. Embora os estudos pré-pandemia tivessem revelado que os trabalhadores remotos eram tão eficientes como os que trabalham em escritórios, havia dúvidas sobre como os funcionários se comportariam efetivamente sob restrições compulsórias.»

Escritório em Lisboa

Escritório por Architecture TOTE SER

Os dados estão a começar a surgir, enaltecendo os efeitos reais do TEC (trabalhar em casa) no mundo real. A J.P. Morgan é um dos primeiros titãs do mercado a falar sobre a sua experiência atual com essa tendência e como afetou a sua produtividade. À primeira vista, podemos talvez traçar um padrão através da idade dos funcionários e como está relacionada com a queda da produtividade. O mais provável é estar relacionado com o tipo de função e tudo o que ocorre nessas áreas específicas de operação. Apesar de ser difícil estabelecer uma correlação entre os dois, o certo é que as desvantagens do TEC vão além da componente produtiva do trabalho.

O arquiteto Helder Pereira Coelho deu a sua opinião sobre o assunto, um convicto apologista de que os escritórios não vão a lado nenhum: "Desde o início da tendência do TEC, em meados de março, era claro para mim que apesar de ser uma 'revolução' para o mundo profissional, a quantidade de 'contras' resultantes dessa prática superavam qualquer vantagem possível. O que quero dizer é que, embora em teoria pareça perfeitamente viável, simplesmente não funciona assim no mundo real. Sim, é verdade que as pessoas passam mais tempo em casa com a família; sim, é verdade que não precisam de se deslocar para o trabalho; sim, é verdade que é possível fazer a maior parte do trabalho que fazem no escritório em casa - mas será a mesma coisa? Certamente que não. Acredito firmemente que os escritórios fornecem uma infinidade de características extremamente importantes que são inalcançáveis noutro local. Falo, por exemplo, sobre a dinâmica de trabalhar em torno da sua equipa, aprender com outras pessoas, ter o seu espaço pessoal – a sua secretária, o seu computador e as suas notas; e a produtividade resultante desses aspetos é simplesmente incomparável a qualquer outro tipo de local de trabalho. Não há como uma empresa produzir mais, ou até o mesmo, se os seus funcionários estiverem a trabalhar em casa".

Apesar disto, muitas empresas apoiam ainda esta prática. Sem saber o que o futuro reserva para o mundo profissional, um número considerável de empresas afirmou já que os seus funcionários podem trabalhar a partir de casa para sempre, como o Twitter por exemplo. E isso levanta a questão: e se os locais de trabalho de escritório se tornassem obsoletos?

Apartamento em Lisboa

Reconversão de escritório em apartamento por Architecture TOTE SER

Na TOTE SER, temos feito vários brainstormings sobre este cenário, contemplando se uma mudança revolucionária do propósito dos escritórios das grandes cidades se traduzirá numa conversão do tipo de ativos. Uma comparação semelhante pode ser feita, por exemplo, com Nova Iorque ou Chicago. A maioria dos arranha-céus com escritórios também inclui hotel e habitações - transformando-os em propriedades de uso misto. Agora: e se os ativos de escritório se tornassem residenciais?

No caso de Portugal, a paisagem das grandes cidades resume-se maioritariamente a edifícios de escritórios. Na ocorrência de uma estratégia de conversão desses ativos, estes teriam que ser transformados em ativos residenciais ou hoteleiros. Isto é sem dúvida possível; na verdade, é algo que a TOTE SER faz há 30 anos. Ser capaz de imaginar um layout completamente diferente de um determinado edifício ou andar é uma especialidade nossa, e criar valor aliado à utilidade e bem-estar do utilizador é algo que nos define. A nossa missão é alcançar os objetivos dos nossos investidores - e fazemo-lo ao conciliar a lucratividade máxima do investidor com o desejo do cliente final por máximo bem-estar.

Em conclusão, sentimo-nos muito confortáveis com qualquer um dos cenários. Será interessante ver como a situação se vai desenrolar e como o mercado se comportará ao deparar-se com essas “revoluções” que não parecem muito distantes da realidade.